domingo, 13 de abril de 2008

Frutos especiais

Esta semana fui ao supermercado. Ao passar na secção dos frutos, deparei-me com uma série deles que nunca antes houvera visto. Apuruis, bacuris, muricis, graviolas (não sei se eram estes que cito e que fui buscar à net, mas já não me lembro do nome dos que vi e fica bem pôr aqui uns nomes esquisitos). E os frutos que vi eram mesmo esquisitos. Confesso que se estivesse perdido na selva tropical, era capaz de morrer de fome à beira daquelas coisas, sem que me apercebesse que eram frutos comestíveis. Porque existem frutos que só alguns reconhecem. E se em vez de vegetais, falarmos de pessoas, as coisas ainda se complicam mais! Pequenos gestos, pequenos sinais...e que descoberta podemos fazer. Mas só se soubermos o que procuramos: um lobito dos do internato, que durante todo o tempo que durou a Homilia, no Domingo das Promessas, nunca deixou de estar sentado "colado" à Diana, cabeça encostada ao seu ombro, praticamente sem se mexer, quase se vendo o carinho a fluir. A Ana J., a juntar-se, com todo o à vontade, aos mais velhos, para cantar. O Rui Q., a tocar batuque para 150 pessoas. A Joana P., tão envergonhada que era, a falar para todo o Agrupamento. O Nelson, que está tão responsável, sempre presente na Missa, sempre preocupado em transmitir-me as notas da escola. O Paulo a pendurar-se no meu pescoço para se esconder dum colega, ele que era tão distante. Dar carinho a quem precisa dele; ajudar a crescer; dar atenção a quem grita por ela; desenvolver capacidades; incentivar e responsabilizar; transmitir confiança. Quem olha de fora, acredito que não veja nada de especial. Que não veja frutos. Para quem conhece aqueles miúdos, os frutos, mesmo pequenos, são dos mais saborosos do Mundo!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ser Gente




Podem gostar de estar comigo, falar comigo, ouvir o que digo...
se não me interesso verdadeiramente pelos outros, nada sou.

Posso ser alegre, bem disposto, feliz...
se não me comover com os que sofrem, nada valho.

Posso receber presentes, flores, ser o centro das atenções...
sem dar, nada tenho.

Posso usufruir das melhores tecnologias, inventos, avanços da ciência...
se não crio, se não me reinvento para dar, nada valho.

Posso ter fama, êxito, sucesso profissional...
se não tiver humildade, nada tenho.

Posso ser inteligente, culto, considerado...
se não partilhar o que aprendi, nada sei.

Posso ser livre, frontal, dizer o que penso...
se não luto ao lado dos oprimidos, nada sou.

Posso ter dinheiro, acções e imóveis...
se não for generoso com os pobres, nada tenho.

Posso ser justo no que digo, no que penso, no que faço...
se não gritar contra as injustiças de que os outros são alvo, nada sou.

Posso ter fé, saber teologia, fazer voluntariado...
sem sentir amor, nada valho.



Dar…desinteressadamente.

Lutar…pacificamente.

Rir…conjuntamente.

Chorar…solidariamente.

Trabalhar…honradamente.

Descansar…merecidamente.

Sonhar…irresponsavelmente.

Agir…comprometidamente.

Criar… continuamente.

Triunfar…humildemente.

Ouvir…atentamente.

Falar…sinceramente.

Mentir…nunca mente.

Perdoar…incessantemente.

Amar…verdadeiramente.

Viver…apaixonadamente.

Tu podes fazer a diferença

De uma forma geral, uma gota de água tem pouca importância. Quase não a vemos, quase não a sentimos.
Mas quando muitas gotas de água se juntam, aí as coisas são diferentes: formam regatos, ribeiros, rios.
Movem moinhos, regam campos, alimentam barragens.
Mas estas mesmas gotas que, juntas, dão vida, também são capazes de destruir, em torrentes, inundações, maremotos.
Se bem que uma gota de água seja, na realidade e de uma forma geral, pouco importante, o certo é que a água que destrói ou dá vida, ajuda a nascer ou mata, nada mais é do que simples conjunto de muitas gotas de água.
Os homens também são assim. Sozinhos, de uma forma geral, são pouco importantes, em quase nada influenciam o mundo. Sozinhos, não alteram o curso das guerras, não mudam as políticas,…
Mas arrastando-se uns aos outros, os homens fazem a guerra, a paz, geram desigualdades, promovem o desenvolvimento.
Quanto à gota de água, ela não decide se faz parte de um regato, de uma torrente, de um lago ou de um maremoto.
Mas nós podemos decidir.
Decidir se somos dos que geram conflitos, ou dos que promovem a paz.
Se somos dos que olham para o outro lado quando nos pedem ajuda, ou dos que damos a mão.
Dos que têm coração duro e frio, ou daqueles cujo sorriso é reflexo da alma.
Se somos dos que nada fazem para melhorar este mundo, ou dos que todos os dias praticam uma boa-acção.
Se somos dos que calam com as injustiças ou dos que lutam contra elas.
Se somos daqueles que nada criam, nada constroem, ou dos que inventam para dar.
Se somos dos que dizem “não O conheço” ou dos que dizem “faça-se a Tua vontade”.

Para se fazer a diferença, não é preciso ser-se muito importante. Basta sermos todos os dias Escuteiros verdadeiros, comprometidos. Como nós, haverá muitos e juntos faremos um mar.

(Tema do ano 2006/2007: “Tu podes fazer a diferença”. Subtema do 2º trimestre “Muitas gotas…um oceano). VI Agrupamento Bonfim