quinta-feira, 14 de maio de 2009

Com dedicatória



Um meu amigo anda muito abatido: a namorada, com quem andava já há alguns anos, "rompeu" com ele.

Muni-me do meu melhor raciocínio lógico-dedutivo e dei-lhe os seguintes conselhos:

1- Que acabasse com o ar pesaroso com que andava. Disse-lhe que cuidasse ainda mais do "visual", que mostrasse que estava mais maduro, mais experiente, mais confiante, mais "vivido". Em paz consigo próprio. Deveria ainda exibir, de vez em quando, um sorriso misterioso. Isto tem duas vantagens: por um lado alimenta (de forma fundamentada, claro) a nossa auto-estima, lembrando-nos que estamos de novo "em campo" e, por outro lado, lança na "ex" um sentimento de dúvida (ela pensa: ...que charme tinha..., se calhar fiz asneira..., que maturidade...). Ela vai-se esquecendo dos defeitos (pequenos, claro) que tínhamos e vai começar a lembrar-se cada vez mais das nossas qualidades. Se ela andar com alguém, vai, no entretanto, ver que o novo parceiro afinal tem defeitos. Esta pequena "vingança" (ai, como somos fracos), sabe muito bem e alimenta o ego. Quanto melhor nos sentirmos, melhor este efeito resulta.

2- Afirmei (repito: afirmei) que até tinha sido melhor assim. Não disse isto de forma receosa, a ver o que dava. Argumentei que havia duas "ela": a que ele tinha idealizado e a real, que era capaz de lhe fazer uma coisa daquelas. A pessoa por quem ele se tinha apaixonado não era concerteza a mesma pessoa que agora o magoava de forma tão insensível. Não estava a perder ninguém especial. No máximo poderia estar triste porque alguém com quem tinha sonhado afinal não ser real.

3- Disse-lhe também para aproveitar avidamente estes tempos de liberdade. Estudos estatísticos demonstram que 94,53 % das pessoas bem parecidas e interessantes (que é o caso - apesar de eu não saber apreciar homens), só ficam descomprometidas por um curto periodo de tempo. Só quando se voltam a comprometer é que notam como esse tempo passou muito rapidamente e que perderam uma grande oportunidade. Há pois que "desbundar": falar a amigos que há muito não se viam, viajar, estar com os compinchas a sério, dedicar mais tempo aos escut..., (bolas, onde é o delete?), ir ao cinema, fazer ginástica, ler, pintar a casa, comprar um descapotável (que a juntar ao ar maduro e misterioso referido em 1., leva a ex ao desespero total), etc.

4- Referi-lhe ainda que os estudos referidos no ponto 3. indicam que, em 87,54% dos casos, a rapariga que se segue é bem melhor que a ex. A maturidade, a experiência acumulada, o sorriso misterioso, ajudam-nos a encontrar alguém mais à altura dos nossos desejos (o descapotável também dá uma ajuda...). Com uma grande vantagem: regressa a fase da paixão inicial, em que nos damos a conhecer ao outro e o outro a nós. Voltamos a falar dos filmes que mais gostamos, dos sítios onde gostaríamos de ir, dos livros que mais nos marcaram. Ouvimos, encantados: "não posso acreditar, é desse que também gosto mais". Histórias mil vezes contadas, ganham a frescura da primeira vez.

6- Last but not least: a vida é muito curta para a desperdiçarmos com tristezas (que além do mais não pagam as prestações do descap...pois, já sabem). Como diz a canção: "each day is a gift, not a given right, live as today was your last day".

Para terminar, falei-lhe de histórias. Das que vamos acumulando ao longo da vida. Os factos que hoje nos parecem desgraças, vão-se tranformar em emoções que nos vão moldando, enriquecendo como seres humamos com histórias para contar.

Como diz a canção da Bethânia:
"...se chorei ou se sofri
o importante é que emoções eu vivi!"

PS: as imagens da canção são foleiras, mas não arranjei melhor. A canção sim, vem a propósito e aconselho-te a trazê-la no ouvido.