segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Professores e violinos

Li no jornal que os melhores violinos do mundo se fazem, actualmente, em Portugal. De uma forma totalmente artesanal, numa pequena empresa familiar. Ponto. Um estudante do 10º ano, que eu conheço muito bem, teve 8 num primeiro teste de matemática, para depois conseguir recuperar um pouco, obtendo um 12 no segundo teste. Nota no final do 1º período: 8 valores. Nesta altura terão já feito a vocês mesmos duas perguntas: o que é que uma coisa tem a ver com a outra e o que é que terá justificado a nota, tão pouco aritmética, a matemática. A resposta que obtive para a segunda pergunta é que os professores preferem dar negativa por uma questão de precaução pois se, nestes casos, derem agora positiva e o aluno no segundo período descer e merecer mesmo a negativa, terão de justificar, perante o Ministério, a nota dada...o que deve dar trabalho, imagino. Também não gostam de dar 9, porque fica já próximo do 10 e causa discussão. O 8 é, para eles, mais tranquilo. Agora farão uma terceira pergunta: "E o aluno, como fica?"
Isto faz-me lembrar uma história, vivida na primeira pessoa. Em 1984, saídinho da faculdade e enquanto esperava ir para a tropa, fui professor de matemática do 5º e 6º anos. Lembro-me de um aluno, muito fraquinho à disciplina, mas com grande vontade de aprender. Num primero teste terá atingido uns 30%. Dei-lhe 40% e disse que estava no bom caminho, pelo que eu ia vendo nas aulas. No segundo teste terá atingido uns 45%. Dei-lhe 50% e voltei a desafiá-lo, dizendo que começava a dominar a matemática mas era capaz de mais...Acabou o ano sendo aluno consistente de 75%, bem merecidos, porque tinha ganho gosto, estudava mais que os outros e aprendeu a confiar nas suas capacidades e nos resultados do seu trabalho. Será pouco ortodoxo (ainda me punem, com efeitos retroactivos), mas arrisquei, desafiei o determinado, investi e tive resultados.
Começo agora a responder à primeira pergunta: creio que tal como os violinos, cada aluno deve ser merecedor da particular atenção do professor. Acham que se conseguiriam fazer os famosos violinos com fabricações em série, pouco trabalho e afinando os violinos todos da mesma maneira, sem ouvido nem coração? Eu sei, quem sou eu para falar de metodologias de ensino, quando o Ministério da Educação tem todos aqueles pedagogos, cientistas da educação, consultores, investigadores... E parece até que está provado que, a matemática, o intelecto dos nossos alunos está muito abaixo da média europeia...
Mas sabem, há também alguns fabricantes de violinos doutros países que dizem que os seus não são melhores por causa da madeira...

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou perplexa :|

Como é possível haver tamanha ignorância a ensinar?

Faz-me lembrar os tipos do meu falecido curso que só davam notas até 15. Daí para cima, era o sepulcro.

Será que essas criaturas sabem que a nota do 3º Período deve supostamente ser o balanço das notas dos 3 períodos. Assim está ridiculamente a condenar aqueles que era suposto ajudar a aprender.
Humpf.

Já li :D Estou encantada...

Pescada Frita disse...

Espero que a leitura não tenha causado perturbações termodinâmicas.
Fico contente por teres gostado!

Anónimo disse...

deixei a termodinâmica para o mês que vem. mas estive a ler de madrugada na véspera de um exame :D que correu bem, logicamente